sábado, 13 de novembro de 2010

MINHA HISTÓRIA COM A MATEMÁTICA

Iniciei minha vida escolar aos cinco anos de idade, morava em um bairro as margens do Rio Gravataí, uma vila ribeirinha de difícil acesso nas épocas de cheias, eram freqüentes as enchentes que impossibilitavam muitas vezes minha ida a escola, ficava muito triste, pois sentia imenso prazer em ir as aulas. Lembro claramente de primeira professora, de todos os colegas, de minha sala de aula, das atividades realizadas, guardo tudo com muito carinho em minha mente. Foi um período maravilhoso.
O primeiro ano passou e então fui para a sala dos “grandes”, iniciei o ano com muita expectativa e alegria. Lembro do primeiro caderno, do caderno de caligrafia, do cheiro gostoso de álcool que tinham as folhinhas de atividade. Comecei a aprender as letras, a cada dia à professora relatava uma história e apresentava uma letra, tínhamos que fazer o som da letra diversas vezes, após fazíamos uma atividade. Depois de alguns meses começamos a aprender os números, algo tinha mudado, não gostava de fazer bolinhas e colar em cima de cada numeral, as atividades se repetiam e quando se falava em matemática lá vinham aquelas folhas para colar bolinhas e desenhar a quantidade.
Alguns dias negava-se a colocar o uniforme, então comentei com minha mãe que não gostava de matemática, não sabia muito bem os números, ela me disse que também nunca gostou, mas que eu tinha que aprender, pois se não ia rodar, meus colegas iam para outra sala e eu ia ficar. Suas palavras me causaram medo, até hoje jamais esqueci, decorei com rapidez todos os números.
Os anos passaram e sempre temia ficar para trás, decorei a tabuada, passava horas no quarto lendo em voz alta. Lembro que ganhei um quadro e giz branco para que escrevesse a tabuada e deixasse exposta no quarto para todos os dias olhar, ler e decorar.
Na quinta série mudamos de bairro e com três meses de aula fui para uma escola particular, nossa que pavor, agora tudo novo, muitas cobranças e um monstro em minha vida: a matemática. Chorava muito, pois não entendia o conteúdo, a escola era paga e não podia reprovar.
Quando olhava as disciplinas do dia, os dias das aulas de matemática eram terríveis, novamente horas no quarto decorando tudo, agora colava cartazes para nunca esquecer as fórmulas e operações.
Nas aulas nem piscava, pedia sempre explicação na mesa da professora, parecia não entender, ficava muito triste, pois meus colegas demonstravam facilidade em entender o conteúdo. Comentava com meus pais e eles me diziam para ter paciência, pois vinha de uma escola pública com ensino muito fraco, isto não me convencia. Os anos passaram e o pavor aumentou, não podia mais se quer ver a professora nos corredores da escola, sempre que vinha, disfarçava ou entrava em outra sala para não passar por ela.
O primeiro grau (ensino fundamental) estava acabando, a escola oferecia três cursos médios: Contabilidade, Análises Químicas e Magistério. Meus pais perguntaram o que eu queria cursar e então respondi que faria Magistério, meus pais não se alegraram, pois desejavam que eu fizesse Contabilidade ou Análises Químicas para na faculdade cursar Direito. Novamente o bicho papão chamado matemática influenciou em minha escolha, pois no curso de magistério não teria mais aulas da disciplina.
Comecei o magistério, sem sonhar em ser professora, mas longe do monstro matemática. Muito habilidosa, logo me destaquei na realização das atividades e planejamentos. O magistério me conquistou!
Descobri a oportunidade de mudar a realidade que trazia em minha vida de estudante, conclui o curso com muita dedicação e certeza que havia feito a escolha certa.
Minhas aulas eram formuladas com diferentes recursos e atividades que despertassem o interesse e atenção de meus alunos.
Obtive então a resposta dos anos de pavor: Por que odiava matemática? Descobri que no devido período não fui orientada e estimulada de forma correta. Isto me trouxe imensas dificuldades, que impossibilitaram minha compreensão nas aulas de matemática.
Nossa a cada dia vejo o quanto fui podada, o quanto impossibilitaram minha imaginação de criar, pois tinha que fazer aquilo que era proposto, se não colasse bolinhas no numeral à atividade estaria errada. Cresci carregada de limitações, mas com imensa inquietude dentro de meu coração, queria saber por que para alguns era tão fácil e para mim era um monstro. Aos poucos aquela resposta “Filha tu veio de uma escola mais fraca, tem que estudar mais”, foi se desfazendo e verdades surgiram.
O tempo passou e me tornei uma incansável professora que procura mostrar a seus alunos o quanto são capazes e que podem sim criar situações e regras, resolver seus problemas, imaginar, brincar, viajar, ser criança.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Andréa:

Tuas postagens estão muito bonitas e isto nos ajuda a entender o porquê deste assunto ser tão significativo para ser usado também em teu TCC.

No entanto, a proposta deste semestre é outra, certo? Expliquei com mais detalhes no comentário anterior.

Nada impede que tu sigas escrevendo desta forma aqui, no entanto, a exigência também deve ser cumprida, ok?

Grande abraço, Anice.